sábado, 5 de dezembro de 2009

MACUNAÍMA, de Mário de Andrade

ANOTAÇÕES E COMENTÁRIOS SOBRE MACUNAÍMA
É uma Rapsódia: soma de temas tirados do povo mas transpostos por um autor culto, segundo definição de Mário.
Quando pequeno, Macunaíma choramingava para conseguir o que queria, e já aos seis anos atazanava as meninas. No mato, transformava-se num príncipe e “brincava” com a mulher do irmão.
“os dois manos que tinha, Maanape já velhinho e Jiguê na força de homem.”
Notar o cômico, o inusitado, o impossível etc.
15 A mãe abandona Macunaíma num deserto porque ele escondera a comida dos irmãos.
“pra mim comer” 16
Jiguê arrumou outra mulher, Iriqui. Macunaíma, quando retorna do deserto, anuncia que a mãe vai morrer, e transa com Iriqui; então Jiguê deixa ela pra ele.
Ele é quem acaba matando a mãe, confundindo-a com uma “viada”, enfeitiçada ela por Anhangá.
20 Macunaíma transa com a Mãe do Mato e se torna “o novo Imperador do Mato-Virgem”.
Macunaíma e Ci brincam brincam. É muito brincar!
“- Ai! Que preguiça...”
“Nem bem seis meses passaram e a Mãe do Mato pariu um filho encarnado.” 21
22 O filho morre envenenado no seio de Ci, sua mãe. De seu corpo nasce o guaraná. Ci sobe pro céu num cipó, e Macunaíma sente saudades.
NOTAR a grande quantidade de cenas, aços; é IMPOSSÍVEL fazer um resumo do livro.
FOLCLORE E LENDAS de todas as regiões, até o Negrinho do Pastoreio. 27
30 Macunaíma embranquece na água empoçada na pegada do pé de Sumé, “do tempo em que andava pregando o evangelho de Jesus pra indiada brasileira.”
31 Chegam em São Paulo.
32 “Eram máquinas e tudo na cidade eram máquinas!” As prostitutas ensinando pra Macunaíma que nada daquilo era bicho: era só máquinas. Ele pega sapinho por ter transado com elas.
Os paulistas são os filhos da mandioca. “A Máquina era que matava os homens porém os homens é que mandavam na Máquina...” 32 Macunaíma depois de muito pensar conclui: “Os homens é que eram máquinas e as máquinas é que eram homens.” 33
35 Maanape catando os pedaços de Macunaíma, estraçalhado pelo gigante Venceslau Pietro Pietra.
“E foi assim que Maanape inventou o bicho-do-café, Jiguê a lagarta-rosada e Macunaíma o futebol, três pragas.” 38
42 Macunaíma enganava o gigante Piaimã. Sagaz e malandro.
NO TERREIRO DE MACUMBA: “Um carniceiro pediu pra todos comprarem a carne doente dele e Exu consentiu. Um fazendeiro pediu pra não ter mais saúva nem maleita no sítio dele e Exu se riu falando que isso não consentia não. Um namorista pediu pra pequena dele conseguir o lugar de professora municipal pra casarem e Exu consentiu. Um médico fez um discurso pedindo pra escrever com muita elegância a fala portuguesa e Exu não consentiu.” 49
Neste terreiro, Macunaíma surra, através da Macumba, o eu de Paimã.
‘POUCA SAÚDE E MUITA SAÚVA, OS MALES DO BRASIL SÃO!” 56
Icamiabas: as senhoras do Amazonas. 59
Na carta, Macunaíma usa de erudição – para fazê-las heróicas.
“Macunaíma aproveitava a espera se aperfeiçoando nas duas línguas da terra, o brasileiro falado e o português escrito.” 69
Macunaíma “desejava saber as línguas da terra”. 70
70 Encontra Fräulein.
71 O caso do puíto para designar botoeira e o sarcasmo para com os doutos eruditos da língua.
Macunaíma arma contra os irmãos para o povo inteiro surrá-los. Agora ele, súbito, os defende. 78
É preso. O povo agora muda de lado: está a favor dele. Ele aproveita a bulha e foge. 79 NOTAR A MUDANÇA DE OPINIÃO DO POVO, FACILMENTE MANIPULADO.
“Neste mundo tem três barras que são a perdição dos homens: barra de rio, barra de ouro e barra de saia...” palavras de Macunaíma.
87 Pega sarampo. NOTAR as inúmeras doenças que ele pega.
92 Macunaíma morre pela segunda vez. Bateu com um paralelepípedo em seus toaliquiçus, enganado por um macaco mono que disse que era possível comê-los. Notar que o herói também está sempre passando fome.
92 É ressuscitado novamente por Maanape. Ganha dinheiro no jogo do bicho e disso passam a viver.
96 Macunaíma transa com outra namorada de Jiguê, Suzi.
“o Pai do Sono inda existe e os homens por castigo não podem dormir em pé.” 100
106 Macunaíma mata o gigante pondo-o no molho do macarrão. Recupera a muiraquitã e chora com saudade de Ci, a única mulher que amara.
107 Retornam os três manos “pra querência deles”.
Arruma confusão com Oibê, outro monstrengo.
117 O local onde Macunaíma morava, Uraricoera, está em farrapos. “Macunaíma chorou.”
118 Vai buscar sua consciência, “deixada na ilha de Marapatá. Jacaré achou? nem ele. Então Macunaíma pegou a consciência dum hispano-americano, botou na cabeça e se deu bem da mesma forma.”
121 Macunaíma prepara uma armadilha para o mano Jiguê. Veneno de cobra em um anzol come-o todo, só lhe fica a sombra. Notar a maldade de Macunaíma com seus irmãos. A princesa que estava com Macunaíma mas também dava pra Jiguê quer se vingar, com a ajuda da sombra de Jiguê.
Macunaíma adoeceu e morrerá porque comeu a sombra leprosa. “Então se lembrou de passar a doença nos outros pra não morrer sozinho.” 121
Mas ele passa a doença para “sete outras fentes e ficou são”. 122
A sombra come todos e Macunaíma fica sozinho. “Ficara defunto sem choro, no abandono completo.” 126
Pula na água por causa da sedução da Uiara e é parcialmente devorado. Ele encontra seus pedaços e cola, só não encontrou a perna e a muiraquitã.
Sobe ao céu por um cipó. “NÃO VIM NO MUNDO PARA SER PEDRA”. 131
Ele e seus trecos (legornes etc.) vira a Ursa Maior. “A Ursa Maior é Macunaíma. É mesmo o herói capenga que de tanto penar na terra sem saúde e com muita saúva, se aborreceu de tudo, foi-se embora e banza solitário no campo vasto do céu.” 133
“E só o papagaio no silêncio do Uraricoera preservava do esquecimento os casos e a fala desaparecida. Só o papagaio conservava no silêncio as frases e feitos do herói.” 135
O papagaio contou a história pro homem, que virou o narrador da história que contou pra nós.

IRACEMA, de José de Alencar

ANOTAÇÕES SOBRE O ROMANCE IRACEMA


Inicia com uma carta que apresenta o livro, um presente a um amigo do Ceará.
Poema em prosa que conta romanticamente o surgimento do estado do Ceará, utilizando-se de alguns fatos históricos.
Há quem diga que Iracema é o anagrama de América.
Começa com a descrição do lugar, do mar e de Iracema, filha da grande nação tabajara.
Ela tem uma ará que é sua amiga e companheira, e a chama pelo nome.
Chega um guerreiro estranho, Martim. Iracema o acerta de raspão com uma flecha, ao vê-lo não reagir à sua violência, arrepende-se de tê-lo magoado e se desculpa. O guerreiro branco fala a língua dos índios.
O pai de Iracema, a quem o guerreiro é apresentado e hospedado em sua cabana, chama-se Araquém. O deus da tribo é Tupã.
Araquém é o pajé da tribo, recebe bem o hóspede dizendo que fora Tupã quem o mandara.
Iracema é a virgem que fabrica a bebida de Tupã para dar de beber ao pajé. Todas as outras mulheres podem “servir” ao guerreiro, exceto ela.
Irapuã desce a serra para ajudar os índios no próximo combate aos pitiguaras.
Quando Martim tenta ir embora, Iracema pede que ele espere seu irmão Caubi.
Irapuã solta o grito de guerra. Andira, irmão do pajé, destemido guerreiro, nega a guerra em favor da paz, mas Irapuã reafirma o confronto.
Martim tem uma noiva que o espera, Iracema percebe isso, mas ele já está desde o primeiro momento apaixonado por Iracema.
Ele tenta beijá-la, mas ela resiste.
Um dos guerreiros tabajaras quer matar o branco, para que bebendo o seu sangue talvez Iracema o ame. Ela vela por Martim durante a noite, cheia de remorsos por estar deixando-o a perigo. Ao perceber que Iracema fica triste com sua partida, Martim resolve ficar. Mas Iracema diz que ele deve partir. Na despedida, se beijam. A ará, jandaia, olha triste Iracema, que a esquecera desde a chegada do guerreiro branco.
Cem guerreiros tabajaras, comandados por Irapuã, querem matar o branco, mas Caubi e Iracema se colocam à frente dele para protegerem-no.
Martim duela com Irapuã, durante este duelo ouvem o troar da inúbia dos pitiguaras, o que interrompe a luta. Mas os pitiguaras não aparecem.Irapuã vai à cabana do pajé pegar Martim, mas Araquém defende seu hóspede expulsando Irapuã.
Foi Poti, amigo de Martim, que deu o sinal de guerra do pitiguaras para salvar o amigo. Ele veio só salvar o amigo. Iracema os aconselha a esperarem uma festa no dia seguinte para fugirem, já que os guerreiros todos estariam drogados.
Iracema dorme na rede com Martim.
A festa a que se referia Iracema é a celebração do mistério da Jurema, onde ocorrem oferendas a Tupã, e os índios bebem um líquido entorpecente.
Iracema conduz Martim e Poti e diz que não pode mais retornar, pois “Araquém não tem mais filha”.
Longe das terras dos tabajaras, Martim, agora acordado, toma Iracema pela segunda vez.
Os tabajaras vão atrás do estrangeiro para vingarem-se de ter ele tomado sua virgem.
Ocorre o encontro com os pitiguaras. Ronca a guerra.
Jacaúna X Irapuã.
Jacaúna cede lugar a Martim, para permitir sua vingança, mas quando Iracema o vê em perigo, mata Irapuã para defender seu amado.
Poti presenteia Martim com seu cão. Fora ele quem trouxera os guerreiros de Jacaúna para defendê-los dos tabajaras.
* Notar a grande cumplicidade entre os amigos.
Iracema fica nas terras dos pitiguaras, cujo deus também é Tupã, junto com Martim.
Martim diz que vai embora com Iracema. Poti, que é irmão de Jacaúna, os acompanha.
Eles três instalam-se à margem de um rio.
Martim sai à caça com Poti. Iracema regozija-se com o retorno.
Notar a vida de Iracema ao lado de Martim: colher frutos, banhar-se na lagoa, descansar...
Revela a Martim que está grávida quando este voltava da caça.
Martim torna-se um guerreiro pitiguara. Coatiabo é o nome que Iracema lhe dá, e significa o guerreiro pintado, o guerreiro da esposa e do amigo.
Ao ver um barco dos brancos, Martim fica triste devido à saudade. A felicidade começa a enjoá-lo.
Os brancos fazem aliança com Irapuã para combater os pitiguaras. Poti e Martim partem para a guerra sem avisar Iracema. Martim deixa apenas uma flecha enterrada na areia.
Iracema senta-se ao lado dessa flecha e só se recolhe à noite.
Jandaia a encontra.
Martim não leva Iracema para a terra dos brancos porque sabe que cada passo que a afasta dos tabajaras, é uma porção da vida que lhe rouba.
Iracema se dói do desejo não expresso do esposo de voltar à terra dos pais.
Mais uma guerra: a vingança dos brancos, guaraciabas, derrotados na anterior.
Elevação dos pitiguaras: os melhores guerreiros; Poti: o melhor chefe. IDEALIZAÇÃO.
Os brancos têm armas de fogo, canhões... Os índios arcos e flechas. Ainda assim, há nova vitória dos pitiguaras.
Iracema sente as dores do parto. A narrativa do nascimento é bem rápida. Ela tem o filho só; Martim ainda está na guerra.
Caubi vai encontrar Iracema, apenas para ver como ela está, sem nenhum sentimento de vingança.
Falta leite à Iracema; ela põe filhotes de cães a chuparem seus seios para formar leite.
Quando Martim volta, Caubi não está mais com Iracema, e esta, por sua vez, morre.
Iracema é enterrada aos pés de um coqueiro, onde Jandaia fica a velar seu túmulo.
Martim deixa Poti e parte com o filho e o cão fiel para sua terra. Mas volta logo, com guerreiros e um sacerdote.
O início da catequização; mas Martim continua defendendo os índios às atrocidades dos brancos.
Notar que não há notas no canto das páginas como em O Guarani; o autor vai explicando os termos na narrativa, logo após tê-los mencionado.
No final, como fora prometido no início, há nova “conversa” com o Dr. Jaguaribe.
O autor diz que fizera primeiro o livro em poesia, mas mudou de idéia achando que a prosa era um estilo melhor à narração daquilo a que se proporá contar.
Diz que o livro é “uma biografia perfumada pela alma de uma mulher”.
Notar que aí Alencar critica seus próprios erros, tentando dar uma dimensão de sua mediocridade; talvez por tática.