sexta-feira, 8 de maio de 2009

Seminário Concerto campestre, L. A. Assis Brasil

ASSIS BRASIL, LUIZ ANTONIO DE
CONCERTO CAMPESTRE



Major Antônio Eleutério de Fontes, “potentado em terras e charqueador” 5, “três filhos homens, dois netos e uma filha temporã”, tem uma orquestra pessoal, escravos e oito léguas de terras, esposa: “D. Brígida de Fontes, redonda como um melão maduro, e cujo azul da barba nascente dava-lhe um aspecto de coisa mitológica, imperava com um simples olhar sobre os filhos homens” 5
O livro começa descrevendo as personagens, aproveitando já o primeiro concerto que narra. Ao anoitecer, começa o baile.
O major nem sempre fora rico: “construíra fortuna aproveitando a sorte e armando situações irreversíveis para seus devedores.” 9
A orquestra começou com dois índios, os quais conquistaram a admiração do major. Depois, só fez crescer. Os índios, depois, desapareceram sem rastros, “ou por serem hostilizados pelos recém-vindos, ou ainda pela vocação nômade” 12
O Maestro é “um mulato claro corpulento demais para a função e com o rosto picado de antigas varíolas, cujo dom era saber os desejos do Major.” 7 Fora despachado pelo vigário por ter se envolvido em luxúria; o vigário gostava dele e por isso o recomendou ao Major para reger os músicos que este abrigava. “Resolveram esquecer seu nome, e, por sugestão do vigário, passaram a chamá-lo de Maestro.” 14
O Major e o Vigário vão ver a “videira do fantasma”, num lugar ermo, meio místico. 18 “O tempo se transtornara, e uma garoa gélida começou a cair. – E dizer que há pouco estávamos no verão, Major. Coisas estranhas acontecem por aqui.” 18-19
O Vigário sugere para a orquestro o nome Lira Santa Cecília. 20
A mulher do Major é contra tudo, principalmente contra a orquestra. “Como ele entrava na idade em que um homem descobre que é melhor suportar uma esposa difícil do que entediar-se com discórdias, não se importou.” 22
O Maestro transa com uma cozinheira. Ela é mandada embora e ele recebe aviso de que esta primeira fora a última vez.
A orquestra fica famosa. 26
Toca até num enterro. 27
Clara Vitória, filha do Major, a mais Angélica das moças: “se havia algo de certo na vida, que a empolgava até latejarem as têmporas e doerem os ossos, fazendo com que perdesse a fome e até a palavra, era a sua paixão pelo Maestro.” 28
O quarto de Clara Vitória é ao lado do do Maestro, e ela pode espiá-lo por uma fresta na parede, 30, e ouvi-lo. Mas ela diz que não escuta nada... 32
NOTAR que o tempo não é cronológico.
Ela, a Clara Vitória, faz guerra contra o Maestro. 35 Ela sequer sabe ler, só sabe bordar e coser.
Rossini é o rabequista principal, e ajuda o Maestro, embelezando a orquestra com sua racionalidade septuagenária. Ele diz que o amor é um animal que nos ataca, “mas não nos devora”, e já sabe que o Maestro apaixonou-se pela menina filha do Major.
Clara Vitória fora quem denunciara a cozinheira, e defendera o Maestro, que fora seduzido pela negra. 48
Silvestre Pimentel é o pretendente de Clara Vitória, o preferido de D. Brígida. “Era um homem consciente de sua ignorância.” 51
Notar que os episódios são recortados, sempre sob nova perspectiva, como em As virtudes da casa. Ex.: o primeiro concerto.
56 Resolve-se o casamento de Clara e Silvestre, arquitetado por D. Brígida. O rapaz é rico e tem um filho com uma peona.
Os dois filhos solteiros do Major são até agora insignificantes na história. 60
E, súbito: “e se o irmão já soubesse que ela, havia tempo, todas as noites, saía da cama, apagava a vela, e como uma sombra entre as sombras, se esgueirava para fora da casa e entrava no quarto de hóspedes e deitava-se com o Maestro até madrugada alta?” 61
O Major percebe que D. Brígida está obrigando o fracote Silvestre a tomar coragem para pedir a filha em casamento. 72
No 3 volta-se no tempo para acompanhar o flerte entre o Maestro e a menina.
Rossini antecipa ao Maestro a tragédia, final de toda ópera. 79-80
83 – Silvestre desmaia quando o Vigário diz que ele é o “prometido” de Clara Vitória. Isso ocorreu na missa, na frente de um monte de gente. Ele é mesmo um paspalho. Chega a ser um exagero sua fraqueza. Clara Vitória o acompanha para ajudá-lo.
O Maestro pensando em si e na menina: “há uma força imensa a separá-los, mas não conseguirá mudar o destino de seu amor.” 84
85 Ela se sabe grávida. OS FINAIS DE CAPÍTULO TÊM REVELAÇÕES SÚBITAS. É VIBRANTE, EMPOLGANTE, EMOCIONANTE!
Rossini era o conselheiro.
88 O Maestro sente-se discriminado pela cor, porque percebe o que pensam e não dizem sobre sua pele.
Rossini compara o amor às fases da lua: “iniciava cheio e brilhante, para depois ir minguando, minguando, até desaparecer entre as nuvens.” 89
O Maestro é de Minas, não é gaúcho.
A ama. Personagem que sabe de tudo, tem personalidade forte como D. Brígida, e todos se admiram de que duas mulheres assim se entendam. Siá Gonçalves é o nome dela. 91
92 O Maestro atina com a gravidez de Clara Vitória.
96-97 Clara Vitória se nega a participar da confissão com o Vigário.
Na 99 é que narra a orquestra no enterro mencionado no começo, do Barão tio do paspalho.
Na missa do enterro, Clara Vitória acolhe o Afilhado, filho do Silvestre, já aguçados seus instinto de mãe. 102
105-106 O Maestro, à noite, a leva para passear. A surpresa que preparara é a orquestra tocando só para ela a SUA música. Ele diz que sabe. Ela fica apavorada, tudo lhe lembra a morte. 107
Ela acha que o pai vai matá-la, conforme prometera quando chicoteara o filho mais velho que engravidara uma moça.
Ela não ia mais ao quarto do hóspede. Na 109 então ele é quem vai ao quarto dela. Vendo-a, ele recua; não a queria em sacrifício, a desejava livre, e sabia que a teria de volta em breve. “Ficaria à espera, pois a paciência é a qualidade de quem ama.” 110
111 Silvestre tornara-se um “outro homem”, e já se convencera de que Clara Vitória seria a esposa certa.
115 O padre tem um pressentimento. Aqui é o que estava acontecendo nas páginas iniciais, o concerto campestre. “E se sugerisse antecipar o casamento?”
Clara está pálida no baile. O padre a leva para o quarto. Ela se confessa a ele, deixando-o apavorado. “o Maestro, por quem tanto fizera e que traíra sua confiança.” 117
O padre Vigário pede a Silvestre que antecipem o casamento. 121
Os pais da menina não aceitam a antecipação. 124
125 A mãe atina com a gravidez e espanca a menina. 126
O pai vai matar Silvestre. Ele o fere, mas vai embora sem confirmar sua morte, e ele estava vivo.
A menina é expulsa de casa, para o boqueirão ermo do “fantasma”.
“A menina não reclamava, não se desesperava: já não obedecia às ordens do pai, mas ao destino.” 133
O enxoval que demorara meses a ser coxido queima em instantes, incendiado pelas mãos do Major.
Não será fácil para o Maestro salvá-la. Ele nem sequer consegue chegar até lá. 138
D. Brígida não sabe o que pensar. Sofre. 140 “Dormia mal, exaltada por pesadelos de morte.”
O Major não tem mais gosto por nada, nem por sua orquestra, que antes o empolgava tanto. 140
O Maestro, Rossini e os demais são despedidos pelo Major. 142
Silvestre Pimentel também parte, levando o filho e a tia. 144
O Maestro e Rossini conseguem emprego em Porto Alegre. 144, submissos à Igreja. Rossini arruma empregos em cabaré e bandas para os demais músicos, meio paizão de todos. 145
146-147 – Rossini leva o Maestro às putas, e ele transa com uma delas.
Todos deixam de ir à estância, menos o Vigário. 148
“o Major pusera homens vigiando a trilha.” 149
Desfaz-se a amizade entre o Major e o Vigário. 149
O Maestro padece de profunda depressão. 150 Transa nove vezes com Paulina. Na décima, adoece.
152-153 Clara Vitória cuida do boqueirão, arruma a casa como pode, conformada.
O Major começa a tresvariar, aos poucos enlouquecendo. “D. Brígida de Fontes caía num pasmo estúpido, e num dia chegou à conclusão de que tudo aquilo era muito pesado e inextricável para o que podia perceber da vida.” 154
Clara Vitória deu à luz uma menina. A parteira chega para cortar-lhe o cordão umbilical. A menina é levada para uma ama de leite.
Clara se torna uma sombra do que era, e começa a desaprender a falar. 158
158 É UMA PÁGINA ÓTIMA – O MUNDO CONTINUA MESMO QUE ELA NÃO DIGA NADA.
“Clara Vitória, como quem se desfaz de uma pele muito antiga, perdia a noção de si mesma.” 159
O Maestro e Rossini são despedidos por terem tocado a música DELA na Igreja.
Resolver recompor a Lira e retornar à estância. 164 O Major os aceita de volta. Mas as pessoas se negam em ir à estância para ouvi-los, inclusive o Vigário, furiosos com o modo como o Major tratou a filha.
IMPORTANTE: eles estão furiosos com o castigo brutal que o Major dera à filha, e não com a desonra desta. 167
O Vigário acaba indo, e é o único, afora os de casa. 170
Precipita-se uma tempestade de sangue. O Maestro aproveita a bulha para alcançar VÊ-LA. 173 O Major suicida-se. Rossini aplaude, com seu riso irônico e superior.
Após a tempestade, enquanto o sol novamente viceja, “Clara Vitória entregou-se ao primeiro beijo de todos os beijos de sua longa vida.” 174


Personagens: Major, D. Brígida, Clara Vitória, irmãos, Maestro, Rossini, a Lira Santa Cecília, Silvestre Pimentel, Vigário.
Espaço: notar o antagonismo do pastoralismo X rios de sangue do charqueamento.
Tempo: cíclico, cronológico em um ano.
Foco narrativo: 3ª pessoa que mantém suspense sobre os fatos, construindo as partes a partir de um todo inicial.
Ação: há muita ação, como num teatro, numa ópera. O texto lembra os movimentos de um concerto. NÃO ESQUEÇAM DISSO: RECIPROCIDADE ENTRE CONTEÚDO E FORMA!!!

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