HATOUM, MILTON
DOIS IRMÃOS
Notar epígrafe: “a casa foi vendida com [...] seus imponderáveis”
Zana morre após perguntar se os filhos haviam feito as pazes e não obter resposta. 9-10
O pai é o Halim.
Os gêmeos são Yaqub e o caçula Omar. A irmã é a Rânia. A empregada é a Domingas.
Yaqub passara cinco anos no Líbano. Ele volta.
Estamos em 194...
Voltamos para antes da morte de Zana. Vamos fazer um círculo, retornar ao início próximo do final e seguir um pouco adiante.
Yaqub evita as palavras, esquecido do idioma.
Rânia é a irmã.
Lívia é a garota que aos treze anos Yaqub perdeu para Omar, num baile de carnaval. P. 15
Yaqub “Não entendia por que Zana não ralhava com o Caçula, e não entendeu por que ele, e não o irmão, viajou para o Líbano dois anos depois.” 16
Ele já não é mais o rígido que o pai vira, é o tímido, fraco, derrotado que ele próprio vê. 16
Domingas é a empregada, quase sua mãe. 17
19 A cumplicidade entre Zana e o Caçula, e a inquietação de Halim e Yaqub observando a cena. “Yaqub apenas estendeu a mão direita e cumprimentou o irmão. Pouco falaram, e isso era tanto mais estranho porque, juntos, pareciam a mesma pessoa.” 20
Quem é o Narrador?
22 Omar corta Yaqub com uma garrafa porque Lívia o beijara no rosto. Produz uma cicatriz, ridicularizada pelos colegas de escola. “Ele engolia os insultos, não reagia.” 23 Isso é que fez Halim decidir pela viagem, pela separação.
Yaqub não respondeu nenhuma das centenas de cartas da mãe. 23
O narrador morava na casa...
“um tímido que podia passar por conquistador.” 24: Yaqub, por quem as meninas suspiravam. Mas ele só plantava o amor; ao invés de colhê-lo, estudava gramática. Era bom em matemática.
Omar é um beberrão. 26 Yaqub renunciava à juventude. 25
Após ser reprovado por dois anos seguidos, Omar é expulso do colégio. 27
O narrador: “para Zana eu só existia como rastro dos filhos dela.” 28
Yaqub vai estudar em São Paulo, enquanto Omar no Galinheiro dos Vândalos.
O narrador desconfia de que acontecera alguma coisa enquanto Yaqub era pastor de ovelhas no Líbano. 31
O texto não é nada cronológico. Segue conforme a memória do narrador.
Yaqub não aceita o dinheiro dos pais quando vai a São Paulo. “Nem um centavo” 33 Omar sente-se derrotado com a partida do outro. Antes de viajar, Yaqub transa com Lívia.
2 – p. 36 a vida de Zana quando jovem e o encontro com Halim, no restaurante do pai dela, Galib. Ele só consegui declarar-se a ela bêbado, porque “o coração de um tímido não conquista ninguém.” 38
Ela mandava em tudo; ele, paciente, obedecia, eternamente apaixonado.
Yaqub envia uma carta no final de cada mês. 44 Em seis meses ele já era professor de matemática. Ingressa na USP para cursar engenharia.
“Por fora, era realmente outro. Por dentro, um mistério e tanto: um ser calado que nunca pensava em voz alta.” 45
NOTAR: as fotografias de Yaqub pela casa sufocam a presença de Omar. A ausência de Yaqub faz dele mais presente do que quando estava ali de fato. 46
Domingas, uma índia, fora adotada pelo casal. Ela é uma espécie de ama ou escrava, “louca para ser livre”. 50 A GENTE VAI DESCOBRINDO AS COISAS CONDUZIDOS PELO NARRADOR.
48-49 O casal é exaltado no sexo.
Zana queria filhos, Halim não, e tê-los transforma sua vida em algo ruim, ela que fora outrora tão prazerosa ao lado de Zana. Ele não gostava de Omar, que era o preferido de Zana.
“Os filhos haviam se intrometido na vida de Halim, e ele nunca se conformou com isso.” 53
O narrador interrogava Halim e Domingas, do que tirou o conteúdo do que nos narrou até aqui.
54 O narrador não sabe qual deles, mas desconfia de que um dos gêmeos seja seu pai. A certeza é de que Domingas é sua mãe.
54-55 A triste história de Domingas – sua orfandade, o inferno vivido no orfanato das freiras.
59 Acho que ele é filho do Yaqub.
Zana pedia para ele xeretar os vizinhos e lhe contar o que via. 63-64
65 Zana o impedia de ir à escola, mandando-o fazer trabalhos e por isso obrigando-o a faltar três vezes por semana. Ele sofre. “Eu bem podia fazer essas coisas à tarde, mas ela insistia, teimava. Eu atrasava as lições de casa, era repreendido pelas professoras, me chamavam de cabeça-de-pastel, relapso, o diabo a quatro. Fazia tudo às pressas, e até hoje me vejo correndo da manhã à noite, louco para descansar, sentar no meu quarto, longe das vozes, das ameaças, das ordens.” 65 O Caçula também o inferniza.
Notar que Rânia até aqui é quase invisível.
66 A rivalidade entre Omar e o pai. O narrador quer fugir, libertar-se. “A imagem de minha mãe crescia na minha cabeça, eu não queria deixá-la sozinha nos fundos do quintal, não ia conseguir...” 66 “Então, fiquei com ela, suportei a nossa sina.” 66-67
“Omissões, lacunas, esquecimento. O desejo de esquecer. Mas eu me lembro, sempre tive sede de lembranças, de um passado desconhecido, jogado sei lá em que praia de rio.” 67
68 Halim e a bofetada em Omar e os dois dias que este ficou acorrentado.
69 Yaqub casara em São Paulo. Com quem será que foi? ...
69 Rânia e Omar, ela com desejo de um noivo, ele excitando-a. Ela era bonita e evitava festas. Sua reclusão foi provocada por uma discussão com a mãe. 70
Rânia passa a trabalhar com o pai e, astuta, faz os negócios prosperarem. Agora ela deixou de ser insignificante.
Ela despreza todos os pretendentes.
O narrador a deseja. “Rânia causava arrepios no meu corpo quase adolescente. Eu tinha gana de beijar e morder aqueles braços.” 72
“Talvez Rânia quisesse pegar um daqueles pamonhas e dizer-lhe: Observa o meu irmão Omar; agora olha bem para a fotografia do meu querido Yaqub. Mistura os dois, e da mistura sairá o meu noivo.” 73
Halim torce para que uma das mulheres de Omar o leve para bem longe. “Mas ele intuía que Zana era mais forte, mais audaciosa, mais poderosa.” 74
78 A mãe pede que Yaqub abrigue Omar em São Paulo, porque ela quer evitar que ele fique com uma dançarina de maloca. Yaqub escreve que pode alugar um quarto para o irmão, mas jamais abrigá-lo sob seu teto.
Omar vai, fica seis meses e depois desaparece. Retornara a Manaus.
Acho que a própria Domingas não sabe de quem o narrador é filho.
83 A primeira visita de Yaqub à família.
Sobre Rânia: “Como ela se tornava sensual na presença de um irmão! Com esse ou com o outro, formava um par promissor.” 87
88 insinua um incesto.
88-89 Yaqub continua profundamente amargurado por seu exílio no Líbano.
91-92 Omar tinha viajado pelos EUA, aventureiro, com o passaporte e muito dinheiro que roubara de Yaqub.
A esposa de Yaqub é Lívia! 93
96 “Noites de blecaute no norte, enquanto a nova capital do país estava sendo inaugurada. A euforia, que vinha de um Brasil tão distante, chegava a Manaus como um sopro amornado. O futuro, ou a idéia de um futuro promissor, dissolvia-se no mormaço amazônico.”
Yaqub ajuda a família, reformando a casa. “Na breve visita que fez a Manaus, deve ter notado e anotado todas as carências da casa, dos parentes e empregados.” 96
NOTAR: O narrador está tentando “recompor a tela do passado”, ansioso para conhecer a si mesmo.
101 Omar metamorfoseia-se em anjo, apaixonado pela Pau-Mulato. Ele até começa a trabalhar num banco.
104 Zana descobre a verdade: Omar tornara-se contrabandista, levado pela Pau-Mulato. Ela contrata um detetive e arquiteta a ruína dos planos do filho.
Omar sai de casa, com suas malas, gritando ofensas.
112 Halim trará Omar de volta para interromper a “santimônia” de Zana, ou seja, sua abstinência sexual.
114 A luta de Halim com Azag, que o difamara. Halim sai vitorioso, macho.
Halim se empenha na busca por Omar: uma verdadeira caçada.
Notar também as histórias das personagens secundárias. Ex.: o peixeiro 123, Adamor, o Perna-de-Sapo. Ele é quem encontra o Omar, a pedido de Zana. 127
Omar virara pescador. “Careca e barbudo. Bronzeado, quase preto de tanto sol. Mais magro, mais esbelto, no peito um colar de sementes de guaraná. Descalço, usava uma bermuda suja, cheia de furos. Não perecia o Peludinho cheiroso da Zana”. 129
Omar, de volta para casa, quebra tudo, xinga o irmão ausente, enciumadíssimo, invejoso, ainda apaixonado por Lídia. 129 Rasga as fotos de Yaqub.
Omar estava virado num quase bicho. Incrível o que a inveja é capaz de fazer.
O poder da mãe vence, e Omar “Preferiu as putas e o conforto do lar a uma vida humilde ou penosa com a mulher que amava.” 134 “Tornou-se infantil, envelhecido, com longos intervalos de silêncio, como certas crianças que renunciam ao paraíso materno ou adiam a pronúncia da primeira palavra inteligível.” 134
O narrador: “Sempre vale a pena concluir alguma coisa.” 135
136 Concordamos com Halim que Omar é um frouxo, um covarde. Foi isso que ele sempre foi, e mau.
Rânia trabalha dobrado para sustentar “aquele parasita”. 140
Laval, o excêntrico professor de literatura, é preso e morto, ao que me parece pela DITADURA.
145 Yaqub de volta. Os soldados neste momento estão por toda parte.
149 FORTE CRISE POLÍTICO-MILITAR.
Notar que o Narrador é o filho da empregada, e, talvez por sua inferioridade, seja escritor.
155 O narrador transa com Rânia: “Aquela noite foi uma das mais desejadas da minha vida.” 155 Ela confessa que um dia, com quinze anos, amou um homem, mas a mãe impediu porque ele era um pé-rapado. “Gostaria de ter passado muitos sábados ajudando-a na loja, mas ela não me pediu mais.” 156
157 Omar está com uma gonorréia galopante.
Estamos na década de 60.
159 Halim desaparece na véspera do Natal de 1968.
Volta sem ninguém ver. Senta no sofá e é encontrado calado, de braços cruzados, para sempre. PENSAR NOS SÍMBOLOS DA CENA.
Omar brincando de ser jardineiro, trabalhando. “O corpo dele ficou empolado, a pele e os dedos dos pés com crostas de impingem. Só faltou trocar os braços por asas. O querubim. O santinho da casa.” 161
“O viúvo Talib chegou a tempo de evitar um confronto entre o filho vivo e o pai morto.” 163 Omar enlouquecido gritando contra o pai. O narrador também o desafia, chamando-o covarde.
Zana sofre muito com a morte de Halim, mesmo tendo eles estado tão distantes um do outro.
NOTAR: “Depois da morte de Halim, a casa começou a desmoronar.” 165
166 Zana manda Omar trabalhar, “parar com essa mania de desocupado”, porque agora “tu não tens pai”. Ela não esquecera a afronta que o filho fizera ao finado.
Zana se fecha em seu luto. “O que eu mais quero é paz entre os meus filhos. Quero ver vocês juntos, aqui em casa, perto de mim... Nem que seja por um dia.” 168
Rochiram, um indiano riquíssimo amigo de Omar, interessa-se por Zana.
“Aos poucos, Zana saiu da clausura, destravou a língua, se interessou pelo amigo do filho.” 169
Domingas prevê que o estrangeiro estragará mais o Caçula, 170 premonição.
O estrangeiro constrói hotéis. Zana vê nisso uma oportunidade de os filhos trabalharem juntos. 170 “Yaqub faria os cálculos do edifício, Omar poderia ajudar o indiano em Manaus,”
NOTAR 170: a carta de Zana tentando uni-los.
Caim e Abel, Esaú e Jacó. NOTAR.
173 Yaqub vem de novo mas se hospeda num hotel modesto porém pacato.
Yaqub quer que o narrador cresça profissionalmente.
175 Omar espanca Yaqub, surpreendendo-o pelas costas.
Escondem a briga de Zana. Yaqub apanhou pra valer: perdeu três dentes e teve dois dedos fraturados.
Yaqub traíra Omar: negociara com Rochiram às escondidadas dele.
O nome do narrador é Nael, e foi escolhido por Halim, porque este era o nome de seu pai.
NOTAR: 180 Domingas transava com Yaqub; Omar, enciumado, estuprou-a.
Omar, depois de surrar Yaqub, desapareceu, fugindo de uma possível vingança.
182 Domingas morre na rede de Omar que ela amara em seu quarto. Ela é enterrada ao lado de Halim.
“Naquela época, tentei, em vão, escrever outras linhas. Mas as palavras parecem esperar a morte e o esquecimento; permanecem soterradas, petrificadas, em estado latente, para depois, em lenta combustão, acenderem em nós o desejo de contar passagens que o tempo dissipou. E o tempo, que nos faz esquecer, também é cúmplice delas. Só o tempo transforma nossos sentimentos em palavras mais verdadeiras [...]” 183
184 Rânia se muda para um bangalô.
184 A primeira queda e fratura de Zana. Ela permanece em sua casa, convivendo com fantasmas.
Rânia está aflita com a ameaça de Rochiram processá-los pelo fracasso do negócio do hotel.
Rânia continua enfeitiçando os homens com sua beleza.
186 Zana fala com o narrador. Ele apenas ouve.
Zana chora sempre, com saudade de OMAR.
Rochiram pega a casa em troca da dívida e Zana vai morar com Rânia no bangalô.
Zana “morreu quando o filho caçula estava foragido”. 190 AQUI CHEGAMOS ONDE ESTÁVAMOS NO COMEÇO.
A casa vira a Casa Rochiram, com quinquilharias importadas e freqüentada por gente da altíssima sociedade.
O narrador ficou num quadradinho no fundo do quintal. Sua herança, conforme murmurara Rânia. 190
191-192 Yaqub arquitetara a prisão de Omar para após a morte de Zana.
Omar gastava e Rânia já não tinha mais como pagar suas festas e mulheres. “Ela sabia: tinha que poupar dinheiro para o que viria depois.” 192
“Cedo ou tarde, o tempo e o acaso acabam por alcançar a todos.” 193
193 Omar é preso pela polícia na praça, como Laval. Ele faz “uma brusca descida ao inferno”, na prisão. 194 Foi condenado a dois anos e sete meses.
Rânia escreve a Yaqub, indignada, “o que ninguém ousara dizer”. 194
195 O narrador não trabalha mais para Rânia.
Omar sai. Rânia o quer com ela em casa, mas ele se esquiva.
Yaqub escreve a Nael, e só fala para ele cobri o túmulo de Halim e Domingas de flores e pergunta se ele não precisa de nada. Nem resvala em Rânia ou Omar.
O narrador: “Queria distância de todos esses cálculos, da engenharia e do progresso ambicionado por Yaqub”. 196
“O futuro, essa falácia que persiste.” 196
“A loucura da paixão de Omar, suas atitudes desmesuradas contra tudo e todos neste mundo não foram menos danosas do que os projetos de Yaqub: o perigo e a sordidez de sua ambição calculada.” 196
“O que Halim havia desejado com tanto ardor, os dois irmãos realizaram: nenhum teve filhos. Alguns de nossos desejos só se cumprem no outro, os pesadelos pertencem a nós mesmos.” 196
197 Nael é professor.
Lembrar do bestiário esculpido por Domingas: o trabalho que lhe dava prazer: “os únicos gestos que lhe devolviam durante a noite a dignidade que ela perdia durante o dia.” 197
197-198 Omar o fixa, olhando-o emudecido. Não pede perdão pela desonra a Domingas. “recuou lentamente, deu as costas e foi embora.” 198
Mulheres que Omar amou: Dália, a mulher prateada; e a Pau-Mulato, mas a Lídia foi sempre sua grande paixão.
DOIS IRMÃOS
Notar epígrafe: “a casa foi vendida com [...] seus imponderáveis”
Zana morre após perguntar se os filhos haviam feito as pazes e não obter resposta. 9-10
O pai é o Halim.
Os gêmeos são Yaqub e o caçula Omar. A irmã é a Rânia. A empregada é a Domingas.
Yaqub passara cinco anos no Líbano. Ele volta.
Estamos em 194...
Voltamos para antes da morte de Zana. Vamos fazer um círculo, retornar ao início próximo do final e seguir um pouco adiante.
Yaqub evita as palavras, esquecido do idioma.
Rânia é a irmã.
Lívia é a garota que aos treze anos Yaqub perdeu para Omar, num baile de carnaval. P. 15
Yaqub “Não entendia por que Zana não ralhava com o Caçula, e não entendeu por que ele, e não o irmão, viajou para o Líbano dois anos depois.” 16
Ele já não é mais o rígido que o pai vira, é o tímido, fraco, derrotado que ele próprio vê. 16
Domingas é a empregada, quase sua mãe. 17
19 A cumplicidade entre Zana e o Caçula, e a inquietação de Halim e Yaqub observando a cena. “Yaqub apenas estendeu a mão direita e cumprimentou o irmão. Pouco falaram, e isso era tanto mais estranho porque, juntos, pareciam a mesma pessoa.” 20
Quem é o Narrador?
22 Omar corta Yaqub com uma garrafa porque Lívia o beijara no rosto. Produz uma cicatriz, ridicularizada pelos colegas de escola. “Ele engolia os insultos, não reagia.” 23 Isso é que fez Halim decidir pela viagem, pela separação.
Yaqub não respondeu nenhuma das centenas de cartas da mãe. 23
O narrador morava na casa...
“um tímido que podia passar por conquistador.” 24: Yaqub, por quem as meninas suspiravam. Mas ele só plantava o amor; ao invés de colhê-lo, estudava gramática. Era bom em matemática.
Omar é um beberrão. 26 Yaqub renunciava à juventude. 25
Após ser reprovado por dois anos seguidos, Omar é expulso do colégio. 27
O narrador: “para Zana eu só existia como rastro dos filhos dela.” 28
Yaqub vai estudar em São Paulo, enquanto Omar no Galinheiro dos Vândalos.
O narrador desconfia de que acontecera alguma coisa enquanto Yaqub era pastor de ovelhas no Líbano. 31
O texto não é nada cronológico. Segue conforme a memória do narrador.
Yaqub não aceita o dinheiro dos pais quando vai a São Paulo. “Nem um centavo” 33 Omar sente-se derrotado com a partida do outro. Antes de viajar, Yaqub transa com Lívia.
2 – p. 36 a vida de Zana quando jovem e o encontro com Halim, no restaurante do pai dela, Galib. Ele só consegui declarar-se a ela bêbado, porque “o coração de um tímido não conquista ninguém.” 38
Ela mandava em tudo; ele, paciente, obedecia, eternamente apaixonado.
Yaqub envia uma carta no final de cada mês. 44 Em seis meses ele já era professor de matemática. Ingressa na USP para cursar engenharia.
“Por fora, era realmente outro. Por dentro, um mistério e tanto: um ser calado que nunca pensava em voz alta.” 45
NOTAR: as fotografias de Yaqub pela casa sufocam a presença de Omar. A ausência de Yaqub faz dele mais presente do que quando estava ali de fato. 46
Domingas, uma índia, fora adotada pelo casal. Ela é uma espécie de ama ou escrava, “louca para ser livre”. 50 A GENTE VAI DESCOBRINDO AS COISAS CONDUZIDOS PELO NARRADOR.
48-49 O casal é exaltado no sexo.
Zana queria filhos, Halim não, e tê-los transforma sua vida em algo ruim, ela que fora outrora tão prazerosa ao lado de Zana. Ele não gostava de Omar, que era o preferido de Zana.
“Os filhos haviam se intrometido na vida de Halim, e ele nunca se conformou com isso.” 53
O narrador interrogava Halim e Domingas, do que tirou o conteúdo do que nos narrou até aqui.
54 O narrador não sabe qual deles, mas desconfia de que um dos gêmeos seja seu pai. A certeza é de que Domingas é sua mãe.
54-55 A triste história de Domingas – sua orfandade, o inferno vivido no orfanato das freiras.
59 Acho que ele é filho do Yaqub.
Zana pedia para ele xeretar os vizinhos e lhe contar o que via. 63-64
65 Zana o impedia de ir à escola, mandando-o fazer trabalhos e por isso obrigando-o a faltar três vezes por semana. Ele sofre. “Eu bem podia fazer essas coisas à tarde, mas ela insistia, teimava. Eu atrasava as lições de casa, era repreendido pelas professoras, me chamavam de cabeça-de-pastel, relapso, o diabo a quatro. Fazia tudo às pressas, e até hoje me vejo correndo da manhã à noite, louco para descansar, sentar no meu quarto, longe das vozes, das ameaças, das ordens.” 65 O Caçula também o inferniza.
Notar que Rânia até aqui é quase invisível.
66 A rivalidade entre Omar e o pai. O narrador quer fugir, libertar-se. “A imagem de minha mãe crescia na minha cabeça, eu não queria deixá-la sozinha nos fundos do quintal, não ia conseguir...” 66 “Então, fiquei com ela, suportei a nossa sina.” 66-67
“Omissões, lacunas, esquecimento. O desejo de esquecer. Mas eu me lembro, sempre tive sede de lembranças, de um passado desconhecido, jogado sei lá em que praia de rio.” 67
68 Halim e a bofetada em Omar e os dois dias que este ficou acorrentado.
69 Yaqub casara em São Paulo. Com quem será que foi? ...
69 Rânia e Omar, ela com desejo de um noivo, ele excitando-a. Ela era bonita e evitava festas. Sua reclusão foi provocada por uma discussão com a mãe. 70
Rânia passa a trabalhar com o pai e, astuta, faz os negócios prosperarem. Agora ela deixou de ser insignificante.
Ela despreza todos os pretendentes.
O narrador a deseja. “Rânia causava arrepios no meu corpo quase adolescente. Eu tinha gana de beijar e morder aqueles braços.” 72
“Talvez Rânia quisesse pegar um daqueles pamonhas e dizer-lhe: Observa o meu irmão Omar; agora olha bem para a fotografia do meu querido Yaqub. Mistura os dois, e da mistura sairá o meu noivo.” 73
Halim torce para que uma das mulheres de Omar o leve para bem longe. “Mas ele intuía que Zana era mais forte, mais audaciosa, mais poderosa.” 74
78 A mãe pede que Yaqub abrigue Omar em São Paulo, porque ela quer evitar que ele fique com uma dançarina de maloca. Yaqub escreve que pode alugar um quarto para o irmão, mas jamais abrigá-lo sob seu teto.
Omar vai, fica seis meses e depois desaparece. Retornara a Manaus.
Acho que a própria Domingas não sabe de quem o narrador é filho.
83 A primeira visita de Yaqub à família.
Sobre Rânia: “Como ela se tornava sensual na presença de um irmão! Com esse ou com o outro, formava um par promissor.” 87
88 insinua um incesto.
88-89 Yaqub continua profundamente amargurado por seu exílio no Líbano.
91-92 Omar tinha viajado pelos EUA, aventureiro, com o passaporte e muito dinheiro que roubara de Yaqub.
A esposa de Yaqub é Lívia! 93
96 “Noites de blecaute no norte, enquanto a nova capital do país estava sendo inaugurada. A euforia, que vinha de um Brasil tão distante, chegava a Manaus como um sopro amornado. O futuro, ou a idéia de um futuro promissor, dissolvia-se no mormaço amazônico.”
Yaqub ajuda a família, reformando a casa. “Na breve visita que fez a Manaus, deve ter notado e anotado todas as carências da casa, dos parentes e empregados.” 96
NOTAR: O narrador está tentando “recompor a tela do passado”, ansioso para conhecer a si mesmo.
101 Omar metamorfoseia-se em anjo, apaixonado pela Pau-Mulato. Ele até começa a trabalhar num banco.
104 Zana descobre a verdade: Omar tornara-se contrabandista, levado pela Pau-Mulato. Ela contrata um detetive e arquiteta a ruína dos planos do filho.
Omar sai de casa, com suas malas, gritando ofensas.
112 Halim trará Omar de volta para interromper a “santimônia” de Zana, ou seja, sua abstinência sexual.
114 A luta de Halim com Azag, que o difamara. Halim sai vitorioso, macho.
Halim se empenha na busca por Omar: uma verdadeira caçada.
Notar também as histórias das personagens secundárias. Ex.: o peixeiro 123, Adamor, o Perna-de-Sapo. Ele é quem encontra o Omar, a pedido de Zana. 127
Omar virara pescador. “Careca e barbudo. Bronzeado, quase preto de tanto sol. Mais magro, mais esbelto, no peito um colar de sementes de guaraná. Descalço, usava uma bermuda suja, cheia de furos. Não perecia o Peludinho cheiroso da Zana”. 129
Omar, de volta para casa, quebra tudo, xinga o irmão ausente, enciumadíssimo, invejoso, ainda apaixonado por Lídia. 129 Rasga as fotos de Yaqub.
Omar estava virado num quase bicho. Incrível o que a inveja é capaz de fazer.
O poder da mãe vence, e Omar “Preferiu as putas e o conforto do lar a uma vida humilde ou penosa com a mulher que amava.” 134 “Tornou-se infantil, envelhecido, com longos intervalos de silêncio, como certas crianças que renunciam ao paraíso materno ou adiam a pronúncia da primeira palavra inteligível.” 134
O narrador: “Sempre vale a pena concluir alguma coisa.” 135
136 Concordamos com Halim que Omar é um frouxo, um covarde. Foi isso que ele sempre foi, e mau.
Rânia trabalha dobrado para sustentar “aquele parasita”. 140
Laval, o excêntrico professor de literatura, é preso e morto, ao que me parece pela DITADURA.
145 Yaqub de volta. Os soldados neste momento estão por toda parte.
149 FORTE CRISE POLÍTICO-MILITAR.
Notar que o Narrador é o filho da empregada, e, talvez por sua inferioridade, seja escritor.
155 O narrador transa com Rânia: “Aquela noite foi uma das mais desejadas da minha vida.” 155 Ela confessa que um dia, com quinze anos, amou um homem, mas a mãe impediu porque ele era um pé-rapado. “Gostaria de ter passado muitos sábados ajudando-a na loja, mas ela não me pediu mais.” 156
157 Omar está com uma gonorréia galopante.
Estamos na década de 60.
159 Halim desaparece na véspera do Natal de 1968.
Volta sem ninguém ver. Senta no sofá e é encontrado calado, de braços cruzados, para sempre. PENSAR NOS SÍMBOLOS DA CENA.
Omar brincando de ser jardineiro, trabalhando. “O corpo dele ficou empolado, a pele e os dedos dos pés com crostas de impingem. Só faltou trocar os braços por asas. O querubim. O santinho da casa.” 161
“O viúvo Talib chegou a tempo de evitar um confronto entre o filho vivo e o pai morto.” 163 Omar enlouquecido gritando contra o pai. O narrador também o desafia, chamando-o covarde.
Zana sofre muito com a morte de Halim, mesmo tendo eles estado tão distantes um do outro.
NOTAR: “Depois da morte de Halim, a casa começou a desmoronar.” 165
166 Zana manda Omar trabalhar, “parar com essa mania de desocupado”, porque agora “tu não tens pai”. Ela não esquecera a afronta que o filho fizera ao finado.
Zana se fecha em seu luto. “O que eu mais quero é paz entre os meus filhos. Quero ver vocês juntos, aqui em casa, perto de mim... Nem que seja por um dia.” 168
Rochiram, um indiano riquíssimo amigo de Omar, interessa-se por Zana.
“Aos poucos, Zana saiu da clausura, destravou a língua, se interessou pelo amigo do filho.” 169
Domingas prevê que o estrangeiro estragará mais o Caçula, 170 premonição.
O estrangeiro constrói hotéis. Zana vê nisso uma oportunidade de os filhos trabalharem juntos. 170 “Yaqub faria os cálculos do edifício, Omar poderia ajudar o indiano em Manaus,”
NOTAR 170: a carta de Zana tentando uni-los.
Caim e Abel, Esaú e Jacó. NOTAR.
173 Yaqub vem de novo mas se hospeda num hotel modesto porém pacato.
Yaqub quer que o narrador cresça profissionalmente.
175 Omar espanca Yaqub, surpreendendo-o pelas costas.
Escondem a briga de Zana. Yaqub apanhou pra valer: perdeu três dentes e teve dois dedos fraturados.
Yaqub traíra Omar: negociara com Rochiram às escondidadas dele.
O nome do narrador é Nael, e foi escolhido por Halim, porque este era o nome de seu pai.
NOTAR: 180 Domingas transava com Yaqub; Omar, enciumado, estuprou-a.
Omar, depois de surrar Yaqub, desapareceu, fugindo de uma possível vingança.
182 Domingas morre na rede de Omar que ela amara em seu quarto. Ela é enterrada ao lado de Halim.
“Naquela época, tentei, em vão, escrever outras linhas. Mas as palavras parecem esperar a morte e o esquecimento; permanecem soterradas, petrificadas, em estado latente, para depois, em lenta combustão, acenderem em nós o desejo de contar passagens que o tempo dissipou. E o tempo, que nos faz esquecer, também é cúmplice delas. Só o tempo transforma nossos sentimentos em palavras mais verdadeiras [...]” 183
184 Rânia se muda para um bangalô.
184 A primeira queda e fratura de Zana. Ela permanece em sua casa, convivendo com fantasmas.
Rânia está aflita com a ameaça de Rochiram processá-los pelo fracasso do negócio do hotel.
Rânia continua enfeitiçando os homens com sua beleza.
186 Zana fala com o narrador. Ele apenas ouve.
Zana chora sempre, com saudade de OMAR.
Rochiram pega a casa em troca da dívida e Zana vai morar com Rânia no bangalô.
Zana “morreu quando o filho caçula estava foragido”. 190 AQUI CHEGAMOS ONDE ESTÁVAMOS NO COMEÇO.
A casa vira a Casa Rochiram, com quinquilharias importadas e freqüentada por gente da altíssima sociedade.
O narrador ficou num quadradinho no fundo do quintal. Sua herança, conforme murmurara Rânia. 190
191-192 Yaqub arquitetara a prisão de Omar para após a morte de Zana.
Omar gastava e Rânia já não tinha mais como pagar suas festas e mulheres. “Ela sabia: tinha que poupar dinheiro para o que viria depois.” 192
“Cedo ou tarde, o tempo e o acaso acabam por alcançar a todos.” 193
193 Omar é preso pela polícia na praça, como Laval. Ele faz “uma brusca descida ao inferno”, na prisão. 194 Foi condenado a dois anos e sete meses.
Rânia escreve a Yaqub, indignada, “o que ninguém ousara dizer”. 194
195 O narrador não trabalha mais para Rânia.
Omar sai. Rânia o quer com ela em casa, mas ele se esquiva.
Yaqub escreve a Nael, e só fala para ele cobri o túmulo de Halim e Domingas de flores e pergunta se ele não precisa de nada. Nem resvala em Rânia ou Omar.
O narrador: “Queria distância de todos esses cálculos, da engenharia e do progresso ambicionado por Yaqub”. 196
“O futuro, essa falácia que persiste.” 196
“A loucura da paixão de Omar, suas atitudes desmesuradas contra tudo e todos neste mundo não foram menos danosas do que os projetos de Yaqub: o perigo e a sordidez de sua ambição calculada.” 196
“O que Halim havia desejado com tanto ardor, os dois irmãos realizaram: nenhum teve filhos. Alguns de nossos desejos só se cumprem no outro, os pesadelos pertencem a nós mesmos.” 196
197 Nael é professor.
Lembrar do bestiário esculpido por Domingas: o trabalho que lhe dava prazer: “os únicos gestos que lhe devolviam durante a noite a dignidade que ela perdia durante o dia.” 197
197-198 Omar o fixa, olhando-o emudecido. Não pede perdão pela desonra a Domingas. “recuou lentamente, deu as costas e foi embora.” 198
Mulheres que Omar amou: Dália, a mulher prateada; e a Pau-Mulato, mas a Lídia foi sempre sua grande paixão.
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